Modele a linguagem da criança durante a leitura em voz alta

Nada como uma boa imagem para fixar na mente um conjunto de informações. E, quando o assunto é leitura em voz alta, uma das minhas imagens favoritas é a do canivete suíço: aquela ferramenta multifuncional, que você pode levar para qualquer lugar e utilizar de inúmeras formas diferentes.

Você também pode “levar a LVA” para qualquer lugar, e pode escolher que habilidade específica deseja desenvolver na criança ao fazer a leitura em voz alta.

A leitura em voz alta, comprovadamente, favorece o desenvolvimento de diversas habilidades fundamentais na criança, tai como:

  • a compreensão auditiva
  • o vocabulário
  • a consciência do impresso e sua relação com a oralidade
  • o conhecimento da estrutura de histórias
  • a capacidade de atenção
  • a empatia
  • a capacidade de expressão oral

A fim de explorar cada uma dessas habilidades, aquele que realiza a leitura deve tomar algumas atitudes que evidenciem o ponto a ser ensinado e promovam uma resposta da criança, e isso da forma mais orgânica possível, sem transformar cada leitura em uma espécie de “aulinha”.

Neste artigo, vamos abordar uma atitude que você pode adotar, durante a LVA, para ajudar no desenvolvimento da expressão oral da criança, fornecendo-lhes modelos de uma rica linguagem descritiva.

Para isso, você precisará utilizar um livro ilustrado, com ilustrações ordenadas. Há livros ilustrados que não apresentam uma narrativa visual, mas imagens desconexas, como é o caso do livro “Jacaré, não”, de Antonio Prata e Talita Hoffmann, que você pode conferir abaixo:

Esse tipo de ilustração não favorece a atividade que vamos propor neste artigo.

Procure por um livro cujas ilustrações sejam ricas em detalhes e apresente uma narrativa visual. Um bom exemplo é “Carlinhos precisa de uma capa”, de Tomie dePaola:

Escolhido o livro, é hora de pôr a mão na massa.

Durante a leitura da história, você pode descrever oralmente o que estão vendo, fornecendo um vocabulário mais rico e transformando a ilustração em palavras. Exemplos:

“O Carlinhos está do lado de fora da casa. Ele está usando um chapéu, uma capa rasgada e está segurando um cajado. Olha, está saindo fumaça pela chaminé. Deve ter uma panela no fogo, no fogão a lenha.” Em vez de: “Olha o Carlinhos aqui.”

“Veja, Carlinhos está lavando a lã em um barril cheio de água e sabão. Ele mergulha a lã e faz muitas bolhas de sabão coloridas. Ele quer deixar tudo bem limpinho. Veja, a espuma está se esparramando pelo chão.” Em vez de: “Carlinhos está lavando a lã.”

“Agora Carlinhos está fiando lã, transformando a lã em fios. Os fios ficam enrolados em novelos, está vendo os novelos aqui no chão? Esta é uma roca ou roda de fiar. É uma máquina que transforma o algodão em fios de algodão.” Em vez de: “Veja, ele está fiando.”

Além disso, faça perguntas abertas para o seu filho e repita sua resposta, expandindo-a. Exemplo: “O que o Carlinhos está fazendo?” Resposta da criança: “Fiando.” Expansão: “Isso mesmo, ele está fiando, ou seja, transformando a lã em fios de lã.”

Um bom livro ilustrado é um manancial de palavras e frases que você pode apresentar à criança, complementando e expandindo o texto impresso. Por essa razão, ao escolher um livro para seu filho, não se preocupe tanto com a extensão do texto. Ele pode até ser curto, mas, se as ilustrações forem ricas e trouxerem uma narrativa visual, você terá material de sobra para explorar em leituras futuras, explorando uma das principais funções da LVA, que é o enriquecimento linguístico.

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