A história de São Nicolau, o verdadeiro Papai Noel

O Natal se aproxima, e um dos pedidos mais frequentes que recebo é por livros que contem a história de São Nicolau. É um pedido tão frequente quanto difícil de atender, porque as obras em português sobre o santo que inspirou o Papai Noel são muito escassas – praticamente inexistentes.

As biografias que encontramos de São Nicolau, adequadas aos leitores mais maduros, trazem episódios que poderiam escandalizar os pequenos. Faltam boas adaptações para o público infantil, com ilustrações que cativem a imaginação e acendam nos corações pequeninos a admiração por aquele que tanto amou as crianças.

Uma boa narrativa sobre a vida de São Nicolau pode ser encontrada no livro “Book of Saints”, de Amy Welborn, da Loyola Press. O livro não tem tradução para o português, e por isso decidi traduzir esse breve capítulo e disponibilizá-lo para que os pais possam lê-lo para as crianças.

Espero que gostem, e que esse texto os ajude a melhor vivenciar o Natal.

(As ilustrações ao longo do texto foram livremente acrescentadas por mim.)

[Início da tradução]

São Nicolau
Século 4
6 de dezembro

Crianças no mundo inteiro o conhecem e o amam.

Em Portugal, ele é conhecido como “Pai Natal”. Na França, “Père Noël”. As crianças inglesas o chamam de “Father Christmas”; as americanas, de “Santa Claus”. E você, é claro, o conhece por “Papai Noel”.

Mas você sabia que ele tem ainda outro nome? É um nome bem antigo, que data de muitos séculos atrás. É um dos primeiros nomes pelos quais ficou conhecido o nosso Papai Noel, e esse nome é “São Nicolau”.

Este é o menino Nicolau, rezando para que Deus lhe indicasse a sua vocação.

As crianças adoram contar histórias sobre Papai Noel. Todas essas histórias nos recordam de como somos amados e de como ficamos felizes quando damos presentes. As histórias mais antigas que conhecemos sobre Papai Noel referem-se a São Nicolau, o bispo de Mira.

Centenas de anos atrás, Nicolau vivia em uma cidade costeira chamada Mira, que fica em um país hoje conhecido como Turquia. Desde muito pequeno, Nicolau amava a Deus mais do que tudo no mundo. Ele estudava muito, rezava sempre e seguia o exemplo de Jesus, ajudando os pobres.

O povo de Mira o amava tanto que, quando seu bom e velho bispo morreu, imediatamente elegeu Nicolau para substituí-lo. E Nicolau serviu fielmente a seu povo, por muitos anos.

As pessoas amavam Nicolau por um motivo apenas: ele amava tanto a Deus e ao povo de Deus, que seria capaz de fazer qualquer coisa por eles.

Vou lhes contar uma história sobre Nicolau que tem sido passada de geração em geração:

Morava em Mira um homem muito pobre. Sua esposa havia morrido, e ele vivia com suas três filhas, já moças em idade de casar.

Naquele tempo, para que uma moça pudesse se casar, ela precisava ter dinheiro ou alguma propriedade. Isso era chamado de “dote”, que era a sua contribuição para o casamento. Se uma mulher não tivesse dote, ela jamais se casaria.

Acontece que esse homem era tão pobre, mas tão pobre, que não tinha dinheiro para o dote de suas três filhas. Ele também não podia mais sustentá-las, e não via outra saída senão enviá-las para trabalharem como escravas. Nicolau, ao ouvir essa história, decidiu ajudá-los. Então, tarde da noite, ele se esgueirou até a casa do pobre homem e atirou uma coisa pela janela. Era um saquinho de ouro — o suficiente para o dote da filha mais velha.

O homem mal cabia em si de contentamento, e também sua filha. Ela se casou, mas o pai ainda tinha um problema. Dois, para ser mais exato. O que seria das duas filhas mais novas? Com muita tristeza, ele se preparou para se despedir delas.

Nicolau retornou outra noite e novamente atirou um saquinho de ouro pela janela. O pai celebrou o acontecimento, mas queria saber quem o estaria ajudando, e por quê.

É claro que Nicolau não queria que o homem descobrisse nada a seu respeito. Ele sabia que é melhor ajudar as pessoas sem que elas saibam quem as está ajudando. Se ajudamos alguém desse modo, significa que o fazemos porque realmente queremos ajudar, e não porque desejamos ser admirados por isso.

O pai, porém, estava decidido. Ele ainda tinha uma filha solteira e nenhum dinheiro para o seu dote. Alimentava a esperança de ser ajudado mais uma vez, especialmente porque queria descobrir quem era seu benfeitor. Então, quando anoiteceu, ele trancou as janelas e ficou espiando pela porta.

Nicolau queria ajudar, mas sem ser visto. Então, dirigiu-se aos fundos da casa, longe da vista do homem, e lançou um saquinho de ouro para a terceira filha… direto pela chaminé!

Contam-se ainda muitas outras histórias sobre Nicolau.

Dizem que Deus agia por meio de suas orações para fazer crianças mortas ressuscitarem — uma que havia morrido em um incêndio, outra que havia se afogado. Todas essas histórias reforçam a mesma verdade sobre São Nicolau: ele vivia para Deus, o que significa que vivia para o amor. Se alguém estivesse passando por alguma necessidade e ele pudesse ajudar, São Nicolau lhe restituía a esperança e lhe dava força. Ele jamais gastava um minuto sequer pensando no que deveria receber em troca do que fazia — pensava apenas em como poderia ajudar aqueles que precisavam dele.

As histórias sobre São Nicolau se espalharam por seu país, a Turquia, até chegar à Rússia, onde ainda hoje é um santo muito popular. Ao longo dos séculos, as pessoas transmitiram suas histórias pelos países mais ao norte da Europa, e elas chegaram à Alemanha, à França, à Inglaterra e, por fim, aos Estados Unidos. As crianças no mundo todo passaram a chamá-lo por um nome em sua própria língua — e em português, é claro, seu nome é Papai Noel.

O Natal é uma época alegre e empolgante, não é? É alegre por causa do tempo que passamos ao lado de nossa família. É alegre por causa das celebrações. É alegre porque é um tempo que dedicamos a pensar, cantar e rezar para Jesus, que veio ao mundo para nos salvar.

O Natal também é alegre porque temos a oportunidade de doar. Podemos mostrar a nossos familiares e amigos o quanto os amamos, dando presentes para eles — presentes que compramos ou fazemos.

Damos presentes em sinal de gratidão. Somos gratos à amizade, ao amor e a todas as pessoas que nos ajudam. Somos gratos a Deus por nos ter dado a vida.

São Nicolau também era grato, e é por isso que, no Natal, tentamos fazer exatamente o que ele fazia. Ele era tão grato a Deus por sua vida, que simplesmente não conseguia parar dar alegria e esperança aos outros — não importa o quão longe tivesse de viajar ou quantas chaminés tivesse de escalar!

Ao dar presentes, São Nicolau demonstrava sua gratidão pelos presentes que Deus havia lhe dado. Que presentes sua família pode compartilhar com aqueles que mais precisam?

[Fim da tradução]

Fonte:

The Loyola kids book of saints

Autora: Amy Welborn

Ano: 2001

Editora: Loyola Press

Páginas 3-5

 

Ilustração de capa:

The legend of St. Nicholas: a Story of Christmas Giving

Dandi Daley Mackall & Richard Cowdrey

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